Motivado por um comentário muito inteligente do autor do blog Lamechas, lembrei-me do seguinte: Existem duas formas diametralmente opostas de atingir a necessidade de Deus. A existência de regras (leis) que tornam tudo compreensível, pressupõe a existência de uma mente (Deus) que as concebeu. E, se essas leis são invariáveis, tudo o que acontece, acontece respeitando essas leis e não há milagres; tudo se pode explicar, apesar das dificuldades de previsão. Para a grande maioria dos religiosos a necessidade de Deus resultaria, pelo contrário, da existência de milagres, isto é, havendo fenómenos que não se podem explicar pelas leis da natureza, torna-se necessário admitir a existência de uma vontade soberana (Deus) que não está sequer obrigada a respeitar as suas próprias leis.
(…)
Um grupo reivindica que a prova da existência de Deus reside na constância e na confiança das leis da natureza; outro argumenta que a principal prova de uma divindade reside na notícia de milagres – violação das leis da natureza.
As leis de Deus são aparentemente imutáveis; “aparentemente” na medida em que Deus é também um Ser Evolucionário no sentido em que muda de acordo com a mudança das criaturas evolucionárias (o Deus identificado com as criaturas) que habitam os múltiplos universos. Contudo, as leis de Deus, não sendo “imutáveis” no sentido da “inflexibilidade”, são estáveis – ou melhor, Deus modifica os modelos da sua acção de acordo com o interesse na boa coordenação de cada universo, constelação, planeta e personalidade. Trata-se de uma “imutabilidade flexibilizada” (imutabilidade dos princípios, flexibilização dos métodos) das leis de Deus. Para isso, existe o “princípio da subsidiariedade” universal, através do qual Deus delega em entidades intermédias a adequação das leis naturais à característica de cada universo local. Portanto, as leis de Deus não se aplicam de igual modo em todos os universos.
Deus é energia, e da sua actividade deriva toda a energia física, assim como todas as manifestações materiais, embora o Seu poder não se manifeste nos universos como uma força cega.
O universo tal qual nos damos conta da existência, não é o único, materialmente falando. As leis da natureza nos diversos universos, sendo baseadas nos mesmos princípios, são adaptadas às características de cada universo, isto é, as leis estão adaptadas aos modelos evolucionários.
O “milagre” é a ocorrência do fenómeno físico, químico ou quântico, sem a componente “TEMPO” do nosso Espaço-tempo. O milagre não transgride as leis naturais específicas do modelo evolucionário desenhado para o nosso universo – simplesmente elimina o factor TEMPO da equação do fenómeno.
Lei física, química ou quântica + TEMPO = fenómeno
Lei física, química ou quântica – TEMPO = Milagre
Um fenómeno físico decorrente de uma lei natural, que poderia demorar uma década, um século, ou um milénio a ocorrer, através da supressão do factor TEMPO pode ocorrer em segundos do nosso tempo. Os milagres que alegadamente violam as regras da natureza, não existem; existem sim as leis naturais desprovidas de “tempo”.
Portanto, quando os religiosos dizem que os milagres existem têm tanta razão como os mecanicistas antropocêntricos que dizem que as leis naturais não admitem rupturas às regras definidas. Muitas vezes, as grandes cisões ideológicas resultam das perspectivas diferentes acerca do mesmo fenómeno, esquecendo-se os contendores que as perspectivas fazem parte integrante do fenómeno.
Posso dizer que MILAGRE, seria uma ruptura das leis naturais?
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EliminarA possibilidade de ruptura das leis da natureza fazem parte da essência da própria natureza. Por exemplo, num buraco negro, as leis da física não se aplicam e são anuladas.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Buraco_negro