segunda-feira, 28 de abril de 2008

Islamista britânico convertido ao cristianismo é perseguido



A British citizen who converted to Christianity from Islam and then complained to police when locals threatened to burn his house down was told by officers to “stop being a crusader”, according to a new report.

Nissar Hussein, 43, from Bradford, West Yorkshire, who was born and raised in Britain, converted from Islam to Christianity with his wife, Qubra, in 1996. The report says that he was subjected to a number of attacks and, after being told that his house would be burnt down if he did not repent and return to Islam, reported the threat to the police. It says he was told that such threats were rarely carried out and the police officer told him to “stop being a crusader and move to another place”. A few days later the unoccupied house next door was set on fire.

Christian Solidarity Worldwide, a British human rights organisation whose president is the former Cabinet minister Jonathan Aitken, is calling on the UN and the international community to take action against nations and communities that punish apostasy.

Its report, No Place to Call Home, claims that apostates from Islam are subject to “gross and wideranging human rights abuses”. It adds that in countries such as Britain, with large Muslim populations in a Westernised culture, the demand to maintain a Muslim identity is intense. “When identities are precarious, their enforcement will take an aggressive form.”

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Até aceito mudar de língua, mas quero a opinião favorável dos linguistas

O chamado “Acordo Ortográfico” é o resultado de um século de litigância político-cultural de tipo “guerra-fria” movida pelo Brasil contra Portugal por via de um complexo de colonizado que mantém até hoje, e que não desaparecerá, obviamente, com este Acordo.

O simples facto de o Brasil aceitar sentar-se a uma mesa com Portugal para um Acordo Ortográfico que nunca tinha aceite antes, é o seu reconhecimento de uma derrota política, tendo em conta que o Português Europeu já não é só adoptado em Portugal mas também em todos os restantes países de expressão lusófona. Mas mesmo admitindo tacitamente a derrota na sua birra política, o Brasil não deixa de querer impor-nos o seu figurino ortográfico, numa patética necessidade de auto-afirmação, cedendo apenas em aspectos simbólicos para que não se diga que não cedeu em nada.


Se o Português Europeu continuasse confinado a Portugal, isto é, se não existissem novos países de expressão lusófona, o Brasil nunca aceitaria um Acordo Ortográfico coisa nenhuma, mas tentaria antes impor a sua “originalidade” linguística sem procurar acordo, simplesmente porque nunca reconheceu autoridade à cultura portuguesa para negociar o que quer que fosse em matéria da língua que nasceu em Portugal.

Esta é a verdade sobre a idiossincrasia brasileira que é muito difícil de explicar racionalmente. Se Portugal tivesse tido a preocupação de fazer com o Brasil o que os espanhóis fizeram no resto da América do Sul, dividindo o território brasileiro que tinha em seu poder em vários países independentes, não teríamos este e outros problemas: o político brasileiro, em geral, será sempre um eterno mal-agradecido, que procura sempre valorizar, não aquilo que herdou de positivo e o que tem, mas aquilo que não tem. Talvez por isso, um país com aquela portentosa dimensão e enorme potencial tenha uma imensa dificuldade em sair da mediocridade.




Também é verdade que, para um país com cerca de 170 milhões de habitantes, a produção literária brasileira, em termos relativos – repito: em termos proporcionais às respectivas populações –, é e sempre foi inferior à portuguesa (não falo aqui de tiragem por edição; falo de produção literária; alguém viu por aí um Nobel da literatura brasileiro?), e o facto de Portugal ter mais produção literária “per capita” tem tudo a ver com as características da escrita da língua e com a forma como as palavras (e as frases) são sintáctica e morfologicamente constituídas, na poesia como na prosa. O português de Portugal é mais “literário”. Esta é uma verdade insofismável.
O problema deste Acordo é que não se trata só de uma alteração da grafia: é o primeiro passo da alienação de um património cultural colectivo; outros passos políticos se seguirão. Já é tempo da Esquerda portuguesa se despojar do “complexo de colonizador” e passar a defender os interesses da cultura portuguesa.

A divergência ortográfica foi, para além dos aspectos puramente políticos – acima referidos, inerentes a um nacionalismo exacerbado mesclado com um complexo de colonizado –, foi uma forma que o Brasil encontrou para blindar as influências culturais e literárias portuguesas nesse país em princípios e meados do século 20, isto é, o Brasil adoptou um proteccionismo cultural através da divergência ortográfica para defender a sua própria produção literária (e cultural em geral) – e quem tem que pagar agora o preço desse proteccionismo cultural brasileiro de um século, somos nós: portugueses, angolanos, moçambicanos, cabo-verdianos, guineenses, goeses, são-tomenses, timorenses, e mesmo em Macau. Todo este sacrifício por um país onde menos de 1% da população sabe que Timor existe no mapa-múndi.

A aceitação deste Acordo Ortográfico por parte de Portugal, tal como ele está elaborado e segundo os critérios impostos politicamente, significa a abertura de uma caixa-de-pandora que vai, a médio/longo prazo, acabar com a língua portuguesa internacional, na exacta medida em que, daqui a poucos anos, os angolanos se sentirão com a mesma autoridade moral dos brasileiros para divergir na ortografia e para impor uma renegociação da escrita da língua (não me refiro aqui aos neologismos, que é coisa diferente), os moçambicanos não vão querer ficar atrás dos angolanos e irão querer impor normas próprias, e por aí afora, e iremos ter uma manta de retalhos que será tudo menos uma língua comum.

Ao contrário do que os defensores portugueses do Acordo pretendem, este Acordo Ortográfico, aceite nestes princípios e pressupostos, será o princípio do fim do português internacional, ou, em vez de “português”, assinaremos no futuro vários acordos ortográficos até passarmos todos a escrever uma espécie de crioulo, ou um “pretoguês” comercial e político, mas com pouco valor literário, e portanto, com pouco valor cultural e civilizacional. Este Acordo, que é uma reforma anti-natura imposta de fora, atribui à Língua Portuguesa o princípio do estatuto de uma simples língua franca, destituída de valor intrínseco, como aconteceu com o Aramaico na Palestina de Jesus Cristo, ou com o Latim utilizado de forma incipiente pelos bárbaros na Península Ibérica durante a ocupação romana.

Por princípio, eu não sou contra a alteração da escrita da língua; sou contra decisões políticas tomadas ignorando – ou contra – a opinião dos especialistas. Em nome de uma pretensa legitimidade plenipotenciária da “decisão política”, aos políticos tudo lhes é permitido. Os portugueses têm pago muito caro algumas decisões políticas erradas tomadas – depois do 25 de Abril de 1974, mas principalmente com José Sócrates – ao arrepio dos reais interesses dos portugueses, por gente da política com a arrogância suficiente para dispensar a mais elementar e inteligente necessidade de aconselhamento especializado. A questão do aeroporto na Ota, que os técnicos disseram que ficava melhor em Alcochete, ilustra bem o que quero dizer.

Para que tenhamos uma pequena noção da irresponsabilidade da ratificação deste Acordo Ortográfico, ele foi aceite por um primeiro-ministro que não frequentou o Liceu (Cavaco Silva) e que, portanto, estudou muito menos a Língua Portuguesa do que se o tivesse frequentado, que tinha um Secretário-de-estado da Cultura – que assinou o Acordo – que afirmou publicamente que Chopin compôs música para violino (Pedro Santana Lopes), o que dá uma ideia da cultura do político, e é defendido hoje por um primeiro-ministro (José Sócrates) que tirou um curso de engenharia “à pressão” numa universidade privada, com exames intercalares feitos por correspondência, e com exames finais de curso realizados num domingo e corrigidos por um só professor em quase todas as cadeiras examinadas. São estes os “bons exemplos” que temos de defesa da nossa língua e da nossa cultura.

Precisamos de “meter” os nossos linguistas “ao barulho”; queremos opinião técnica e especializada sobre esta matéria. É só isto o que peço se for necessário mudar de língua; eu, e a esmagadora maioria dos portugueses. Será pedir muito?